Os carros populares, assim chamados os modelos de entrada em um passado nem tão distante, tiveram seu fim decretado com o incremento das normas de segurança e de emissões para esses produtos e pelo próprio desejo do consumidor por mais tecnologia.
Hoje não se compra um veículo zero km por menos de R$ 59.980 - menor preço encontrado no País pela versão Zen do Renault Kwid ano/modelo 2023, apresentado nesta quinta-feira, 20. Dias antes a Fiat divulgou nova tabela de preços do Mobi, que parte de R$ 61 mil.
Tanto a Renault como a Fiat retiraram dos catálogos desses tais carros populares as opções mais em conta: Kwid Life e Mobi Easy. A matemática do mercado falou mais alto: no caso do Kwid a versão respondia por 1% a 2% do mix de vendas. Ou seja: a conta não estava favorável considerando todo o trabalho na programação de produção e compra dos itens específicos para versões pouco demandadas pelo consumidor.
É que agora o cliente não quer mais carros sem ar-condicionado, direção elétrica e sistema multimídia. Ele sabe que, num determinado patamar de preço [R$ 50 mil], encontra muita coisa boa no mercado de seminovos. E com a pressão dos sucessivos aumentos de custos a indústria deixa de competir porque não consegue colocar carros mais equipados nessa faixa de preço.
Mas vamos relembrar o passado: o carro popular nasceu com a premissa de que seu preço seria algo em torno de US$ 10 mil. A partir daí surgiram os modelos 1.0 consagrados: Uno Mille, Gol, Corsa, Ka, dentre outros.
Na cotação de quinta-feira, 20, dia em que foi divulgado o preço do Kwid Zen, o dólar fechou a R$ 5,41. Portanto, em dólar, o carro mais barato do mercado nesta semana sai por US$ 11 mil.
Fica então a questão: o carro popular acabou ou o poder de compra do brasileiro sumiu?
O primeiro de muitos. Segundo a Renault 50% dos compradores do Kwid migram do mercado de seminovos. Outros 23% não têm automóvel na garagem. Ou seja: o hatch é o primeiro carro 0 KM de muitos brasileiros.
400 mil veículos. É a demanda das locadoras para 2022, segundo a Abla, entidade que representa o setor. Na verdade este é o volume que elas admitem receber: a necessidade desse mercado seria de 600 mil a 800 mil veículos.
2 mil eletrificados. É o que pretende adquirir a Unidas este ano. Reservou R$ 370 milhões para sua nova frota de veículos sem emissões.
Por redação: Leandro Alves
Colunista do UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário